Eu sou adepta e apaixonada por cama compartilhada e deu muito certo pra mim.
Mas eu entendo que a minha realidade não seja a de todos.
Esses dias conversando com um amigo que é casado e tem uma filha de 1 ano e 3 meses, ele me contou que lá a cama compartilhada não funciona muito bem e explicou seus desafios.
A cama é do tamanho normal, a esposa toma remédios para dormir e não sobra muito espaço na cama. Quando a neném dorme com eles, ele não consegue dormir, pois quando ele vira, ela entra embaixo dele, ou põe um bracinho, ou uma perna e o medo de virar novamente e machucar o bebê é grande.
Entendo que pela falta de espaço isso é realmente um risco.
Eu acredito que quando os pais não se sentem seguros fazendo algo, é melhor não fazer.
Não interessa quem seja, se me falam para fazer algo que eu não sinto confiança, eu não vou fazer.
Afinal de contas, a criação de cada filho é responsabilidade dos pais e eles precisam tomar decisões seguras e conscientes e ninguém deve interferir nisso.
Sobre o sufocamento
Sim, há riscos de morte por sufocamento do bebê recém nascido, pois ele é completamente indefeso e ainda não tem coordenação.
Mas esse risco também existe quando ele dorme no berço, principalmente longe dos seus olhos.
Quando vamos decidir onde o bebê vai dormir, temos de levar o risco dele de se sufocar em conta e protegê-lo desse perigo
Por isso, alguns pais compram aqueles berços que acoplam na cama do casal, assim o bebê tem o espaço dele e os pais também têm seu espaço.
Isso diminui os riscos de machucar o bebê.
Alguns pais também gostam de colocar um colchão do lado da cama, assim o bebê está sempre por perto sentindo a proteção dos pais.
Outros preferem deixar o bebê no berço dentro do quarto.
Mas há outra coisa a se levar em consideração.
Sexualidade do casal
Praticar atos sexuais na frente de um menor de 14 anos é crime federal :
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Por esses e outros motivos, o casal que coloca o bebê para dormir em sua cama e em seu quarto, deve pensar em como vai manter suas atividades sexuais longe da criança.
A dra. Ana Bárbara Jannuzzi, que também é fã da cama compartilhada, diz o seguinte sobre esse assunto:
‘Compartilhar a cama (ou o quarto) com a criança e seguir tendo relações sexuais no ambiente mostra um despreparo total dos pais da criança em relação a criação do filho. Já ouvi uma pessoa dizer “mas se ele quer dormir comigo, ele que guente!”.
Mesmo que a criança aparente estar dormindo profundamente, mesmo que ela fique no berço e não veja nada, mesmo que ela tenha dias.
Assim como as palavras são aprendidas através da repetição ao longo do crescimento da criança, todas as atitudes que os pais tomam também.
Então ela rapidamente vai aprender que adultos podem ter relações na frente dela, que isso é banal.
Vai desvalorizar sua sexualidade lá na frente, quando adolescente.
Vai, provavelmente, ficar traumatizadaao presenciar uma situação que não pode compreender. E vai se calar.' (O grifo é nosso).
Por isso, os pais terão de pensar em como deixar as relações sexuais bem longe da criança.
Escolhendo outros horários ou outros cômodos para a intimidade do casal, ou até pedindo ajuda a alguém de confiança.
Um adulto responsável vai entender muito melhor essa situação do que uma criança indefesa.
Eu acredito que o a chegada de um novo membro na família, muda a dinâmica familiar. Mas acredito que a sexualidade dos pais deve e poderá ser mantida.
Com criatividade, segurança e responsabilidade, dá para criar crianças seguras e dando proteção à elas, manter nosso casamento saudável e nossa sexualidade em dia.
Saiba mais sobre a teoria do apego e sua importância clicando aqui.